O fio condutor de Nas dobras da capulana é a liberdade, ou mais que isso: a liberdade de escolha. Nos quatro capítulos, o anelo de ser livre – presente na humanidade desde o princípio dos tempos – traz consigo quedas inevitáveis, de corações perdidos nas dobras do mundo a mentes cativas à sina do malmequer. Em cada conto do livro, a precisão da forma contrasta com a incerteza sobre quais os caminhos a percorrer. Em Rumos, busca-se a liberdade pelo ato de caminhar, unindo-se as dimensões psicológicas e lúdicas à geografia de Maputo, Ouro Preto ou Lisboa. Gestos nos oferece a esperança da transformação pelo afeto. Em Mentes, ouve-se o grito de socorro dos que não conseguem caminhar a sós. Por fim, Mitos expõe a prisão que o passado nos inflige há séculos, repetindo padrões que nos acorrentam como Prometeu. De bubuia no rio-vida, cada uma das personagens é passageira da canoa do Rosa, rumo à terceira margem do rio. E é nesse cortejo de canoas, entre o processo de fuga e o pleno mergulho em nós mesmos, que escolhemos os nossos destinos. Afinal, como diz o autor, “liberdade é a ânsia do coração em sair de dentro do peito: uma espécie de morte”.