Sempre pensei que um assunto como filosofia mordesse, até conhecer o Poodle de Schopenhauer. É como se Andre Camargo colocasse toda a maçaroca da vida numa máquina de moer carne e lá tirasse mastigadinhas, mas de forma não menos profunda, respostas e reflexões para assuntos com que costumamos topar no canto da mesa e sair marcando: solidão, Deus, Platão, crimes, castigos, amor, fé felicidade...Não conheço ninguém que resumiria nossa puta vida em apenas cinco linhas e de forma tão perfeitamente na lata: "Você não é a sua conta bancária, nem a marca da calça que você usa. Essa é fácil. Nascemos peladinhos, e, é claro, sem nenhum tostão no bolso. Muita água tem que passar por baixo da ponte até conquistarmos nosso primeiro cartão de crédito, uma ferrari e o último playstation. Ou até nos darmos conta de que não vai ter nada disso, e a vida é isso mesmo. Depois, as coisas vão acontecendo e tal, e uma hora a gente morre". Quando achamos que sabemos tudo sobre um tema, O Poodle oferece a outra face e sacode nossas sinapses como fios de eletricidade em meio a um tsunami. Tudo é muito simples, tudo é muito belo, e tão bem escrito que chega a doer.